segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Esvaziando tudo: O Arcano V


Olá queridos amigos!
Depois de um dia cheio de aventuras, somos visitados pelo Arcano da não materialidade, segundo Osho. O vazio que antecede o tudo. E aquele momento de se permitir não pensar em nada, apenas observar e aprender. Por isso apenas um poema me cabe para este momento.

VAZIo

Rio de Janeiro , 1933

A noite é como um olhar longo e claro de mulher.
Sinto-me só.
Em todas as coisas que me rodeiam
Há um desconhecimento completo da minha infelicidade.
A noite alta me espia pela janela
E eu, desamparado de tudo, desamparado de mim próprio
Olho as coisas em torno
Com um desconhecimento completo das coisas que me rodeiam.

Vago em mim mesmo, sozinho, perdido
Tudo é deserto, minha alma é vazia
E tem o silêncio grave dos templos abandonados.
Eu espio a noite pela janela
Ela tem a quietação maravilhosa do êxtase.
Mas os gatos embaixo me acordam gritando luxúrias
E eu penso que amanhã...
Mas a gata vê na rua um gato preto e grande
E foge do gato cinzento.

Eu espio a noite maravilhosa
Estranha como um olhar de carne.
Vejo na grade o gato cinzento olhando os amores da gata e do gato preto
Perco-me por momentos em antigas aventuras
E volto à alma vazia e silenciosa que não acorda mais
Nem à noite clara e longa como um olhar de mulher
Nem aos gritos luxuriosos dos gatos se amando na rua
link do poema: http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/vazio

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