sábado, 17 de abril de 2010

Arcano para o dia: 6 de copas


Saudades, esse é o primeiro sentimento que nos acomete ao tirar essa carta.Tantas lembranças boas vem a nossa mente, que até o cheiro ou o gosto de coisas que vivenciamos no passado se fazem presentes.
Esses dias li que no esoterismo hoje temos uma dieta baseada na memoria passada, ou seja, tudo aquilo que comiamos e que nos lembrava momentos bons, que eram feitos pela nossa querida avó, que lembrava festas, servia como um tratamento para certos traumas ou sentimentos ruins vividos no presente.
E concordo, quem nao fica bem, quando relembra coisas que faziam parte de um momento feliz na vida, mesmo que eles nao voltem igualzinho, a sensação inspira, faz a gente sonhar, lembrar e tentar pelo menos viver algo parecido ou melhor que isso.
O passado sempre vai estar presente em nosso caminhar, e devemos encarar ele como uma alerta para nao repetirmos erros e para nao esquecermos as pessoas amigas que nos deram força, aos parceiros que ensinaram coisas da vida que deviamos aprender, enfim, a vida como um todo e um aprendizado sem igual.
Para o dia, algo nos fara lembrar....Beijo grande a todos!Lamina by_skeevy.
Momento poetico no blog:
AURORA DA VIDA
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Jurema Chaves



Eu sinto tanta saudade

Da aurora da minha vida,

De uma casinha escondida,

Entre as sombras do quintal,

Num recanto divinal

Onde brotava a esperança

Num coração de criança

Amando o berço natal.



Em um mundo de ternura,

Um sublime encantamento

Eu vivi cada momento,

Amando como ninguém;

Na verde pampa sulina

Cresceu então a menina

Pois só dá amor quem tem.



E quando a tarde morria

Sobre o verde da colina,

Minha mãe, formosa china

Preparava o chimarrão;

E eu abria o portão

Para o papai que chegava.

Lembro... que os dois se abraçavam

E mateavam no galpão.



E lá, entre um mate e outro,

A prosa ia correndo.

Depois, eu vinha trazendo,

Pra o papai o violão...

A cuia, então, descansava,

Enquanto ele dedilhava

Aquelas cordas plangentes;

E aquele cantar dolente

Ficou no meu coração.



Algumas frases bonitas,

Formando um canto da amor,

Que meu pai, um trovador,

Cantava, dizendo a ela;

E brilhava no rosto dela

O mais terno dos sorrisos.

E naquele paraíso,

A fé e o amor existiam

Numa canção que eu ouvia,

Tornando a vida mais bela.



Minha mãe era tão meiga,

Tão simples e delicada,

Como o romper da alvorada

Despertando a natureza;

Que o luar... - tenho certeza -

Invejava aqueles dois,

Que cantavam com ternura

Um amor todo doçura.

Mas, sempre tem o depois!



E o depois foi tão tristonho,

Tudo mudou de repente.

O destino, certamente,

Escreveu em algum lugar

Que tudo iria mudar,

Se quebraria o encanto;

E tudo que amei tanto

Se foi, como vão as águas,

Transformando em tristes mágoas

A imensa dor do meu pranto.



Eu me vi sendo arrastada

Pelo turbilhão da vida;

A mais triste despedida

E um vazio que foi ficando.

Acordo, às vezes, chorando,

Sonhando com o passado;

Vejo meus pais abraçados,

Na varanda conversando

Com os meus irmãos brincando

Naquele mundo encantado!



Tudo era tão bonito,

Que ao lembrar, meu pranto cai.

Ali eu tinha meu pai,

Com um violão nos braços,

Cantando cada pedaço

Do meu universo em flor,

Numa voz cheia de amor,

Que, hoje, canta no espaço.



Mas, nem a morte conseguiu

Separar tão grande amor;

Partindo para o esplendor

Do jardim da santidade.

E, na dor da minha saudade,

Imagino dois beija-flores

Sorvendo mates de amores

No galpão da eternidade.



Ao sentir a nostalgia,

Que traz o entardecer,

Que bom seria poder

Voltar aos tempos de outrora;

E ter no romper da aurora

A família reunida,

Ver a minha mãe querida

Cavando a cuia pra o mate.

Lembrando, a saudade bate

E embarga a voz, comovida.



Pois a vida é tão bonita

Quando a gente tem os pais,

Para aliviar nossos aís

E nos cobrir de carinhos.

Hoje só, nesse caminho,

Peço a Deus, nosso Senhor,

Cobrir com um manto de amor

Os meus queridos paizinhos.



Erguendo os olhos ao céu

Peço a Deus, lá no infinito,

Pra aquele amor tão bonito

Reinar na glória divina;

Os pais daquela menina,

Que aqui dentro ainda mora.

Se às vezes meu riso chora

É por culpa da lembrança,

Que traz de volta a criança,

Que o tempo levou embora!


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